e a qualquer homem apeçonhentado que ha come da vida, ainda que coma a propia rais ou outra qualquer forte peçonha. Os jones, que são hos gentios de que asyma tratey, trazem consyguo esta raiz e fruita e alguns as dão aos reis indios; tambem trazem algum alycorne, mas he de maravilha, e muy pouco. Muytas vezes preguntey a estes homeins como era feito o corno do alycorne, responderão-me que ho verdadeiro avia de ser feito em cocheduras, como hŕa cabra, e que de dentro as ha tambem de ter, porque avia muytos cornos d’outras alymarias que se querião parecer com eles e não se conhecem senão nestes synais; tambem trazem estes jones hŕa pedra, que chamão paza, e se acha no bucho de hŕa alymaria que eles chamão pagem, e he tamanha como hŕa amendoa e parda; dam-na moida em agoa rosada a qualquer homeim que tem peçonha e bebe-a por huum canudo de cana, porque se toqua nos dentes quebra-os, e asy mata toda peçonha, e he muy estimada antre os mouros e grandes senhores; tambem ha ha em Ormuz onde se vende por maticaes. Esta alymaria em que se acha he bode bravo. Começam as teras do Malabar entra tanbem do reino de Calecu Deixando asy esta terra e reinos, tornando a costa domaar, começa-se a terra do Malabar, donde chamão Cumbola, que por todo o monte Dely se acaba ao cabo de Comorim que são cento e trinta legoas pouco mais ou menos ao longo da costa. Dizem que avia em outro tempo huum rei gentio que chamão Cirimay Pirincal que era muy gram senhor. Depois que os mouros de Mequa descobrirão a India se começarão a navegar pera ella e vierão pera esta terra do Malabar por caso da pimenta, a qual começarão primeiro a caregar em Coulão, que he cidade porto de maar, aonde muytas vezes esta o rey. Isto não avera menos de seiscentos anos porque hos indios deste tempo tomarão a era por que se regem estes mouros. Navegando na India por muytos anos começarão-se a estender por ella e vierão a tomar tanta conversação com ho proprio rey e elle 105
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