que seja, porque logo os mouros se alevantão contra elle, salvante sendo casa d’oração ou paço de rey; despois, por tempo, el-rey de Cochim e o de Cananor Àzerão moeda forçosamente. Nesta terra do Malabar todos se servem de hŕa lingoa que chamão maliama, os reis todos são de hŕa ley e custume, pouco mais ou menos, mas a da gente he muy diferente, porque aveis de saber que em todo ho Malabar ha dezoyto leis de gentios naturaes, cada hŕa apartada das outras, e tanto, que não se tocam huns com hos outros, sob pena de morte ou perdimento de suas fazendas, asy que todos tem suas leis, custumes e idolatrias sobre sy como irey declarando. Os reis do Malabar são gentios honrados de idolos, são homeins baços quasy branquos, alguns ha hy mais pretos, andão nuus, da synta pera baixo se cobrem com panos branquos d’algodão ou seda, as vezes vestem hŕas roupetas abertas por diante, que lhe dão por meia coxa, de panos d’algodão ou seda, ou grãa muyto Àna, ou brocadilho, trazem os cabelos atados, em syma trazem as vezes nas cabeças hŕas carapuças conpridas como casquos gualegos, fazem as barbas a navalha, deixão huns bigodes conpridos a maneyra de turcos, trazem as orelhas furadas em que poem muy ricas joias de pedraria e sartas de perolas muy grosas. Sobre os panos cingem hŕa cinta de pedraria de tres dedos em largo, muy bem obradas e ricas, pelos peitos, ombros, e testas huns riscos de sinza de tres em tres, que poem por custume de sua ley por lembrança que se hão-de tornar synza, a qual poemmesturada con sandalo, açafrão, e agoa rosada e lenho aloes. Vivemem casas terreas, asentam-seem huns poios altosmuytoprainos embostadoscada dia h ŕa vez com bosta de vaquas, onde poem h ŕa tavoa muyto alva de quatro dedos d’altura e huum pano d’almafega de lãa de carneiro preto por tingir, tamanho como h ŕa manta d’Alentejo, dobrado tres vezes esobre ele se asentãocomh ŕas almofadasd’algodãoredondas e conpridas e outros panos ricos em que se encosta, e alcatifas muy ricas em 107
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