120 sua pessoa e da-lhes hum alvara asynado por sua mão em que lhes diz matem foão naire onde quer que ho acharem porque asy he sua vontade; eles se vão em busqua do outro e o matão omde quer que ho achão as lançadas ou frechadas, he tall ha hy que antes que ho matem fere tres ou quatro[1] primeiro se amda avisado, e asym ho matão aimda que ho topem dentro na cidade. Despois de morto viram-no com hos peitos pera syma pondo-lhe o alvara sobre elles e aly ho deixão, onde não he ousado ninguem de ho tocar, e aly ho comem as aves e os adibes; se ho matão dentro na cidade os moradores da rua onde elle jaz o não podem tirar sem ho iren pedir a el-rey que lho mande tirar daly, e elle ho faz as vezes por dinheyro, as vezes de graça. Se ho tal naire he acusado por algum furto grande de fazenda que cunpre a el-rey, então ho manda meter em hŕa camara, muy bem cerrado e guardado, pera que não posa fugir, donde o levão a fazer juramento da maneira que ja dise, senão que em lugar d’azeite aquentão manteigua e se o achão culpado levam-no a hum rosio e matam-no as cutiladas e lançadas. Quando o governador manda chamar ho o acusado chamão tambem a parte que o acusou e, como são ambos juntos, faz dizer ao acusador que he ho que sabe do outro; emtão ho acusador toma na mão hum ramo pequeno d’ervas verde ou d’arvore e diz foão fez tal cousa, o outro toma outro tal ramo e diz eu não Àz tal cousa; então manda ho governador por a cada hum diante duas moedas d’ouro baixo, que chamão fanões, que val cada huum vinte dous reais, e como fazem seu exame, diz-lhe o governador dahy oyto dias venhão aly a tirar a lympo o que cada huum diz, e asy se vão. E pasados os oyto dias tornão a casa do governador e daly se vão a casa d’oração a jurar na maneira que atras dise. Neste reyno de Calecu ha ou[tro] governador, que he como justiça moor, que se chama Contarote Carnaxee. Este tem postos em todos lugares homeins de sua mão a que tem arrendado a justiça de cousas que não são de pena de morte, porque todalas outras penas que se dão são de dinheiro, 1. No início do fólio repete “matam-no onde quer que ho achão as lançadas ou frechadas e mata tres e quatro”.
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